A história que aqui se segue não foi escrita por mim. Pode ser encontrada, juntamente com outras tão boas, no livro do Sérgio Pereira - As Melhores Histórias do Futebol Mundial.
Esta é sobre uma das mais divertidas personagens do futebol brasileiro. Dadá Maravilha.
NÃO VENHAM COM A PROBLEMÁTICA QUE EU TENHO A SOLUCIONÁTICA
Chama-se Dário José dos Santos, mas o mundo só o conhece como Dadá Maravilha.
É o terceiro maior goleador da história do futebol brasileiro, logo a seguir a Romário e a Pelé: o que diz sobre o que ele foi dentro dos relvados.
Mas Dadá não foi apenas isso.
Foi um homem que, diz ele sorriu pela primeira vez aos 19 anos, e a partir daí nunca mais parou. Folclórico e engraçado, é também um narcisista primário.
“Só existem três poderes no Universo: Deus no céu, o Papa no Vaticano e Dadá na grande-área.”
Era desajeitado, fisicamente forte e pesadão. Tinha um jeito de correr deselegante e por isso nunca foi um jogador requintado. Mas também não tentava disfarçar. Lembra frequentemente, aliás, os conselhos do treinador Telé Santana. “Não te esqueças de rezar todas as noites para agradecer a Deus. Nunca vi um jogador tão mau fazer tantos golos.” Dadá sorria: dizia que se um dia marcasse num remate fora da área, o guarda-redes tinha de ser irradiado do futebol, e que se preocupava tanto em fazer golos que nunca tivera tempo para aprender a jogar futebol.
Além disso sabia que a excelência dele não estava nos pés: estava na cabeça. “Só há três coisas que pairam no ar: helicóptero, beija-flor e Dadá Maravilha.”
Era um daqueles avançados que apareciam no sítio certo a empurrar a bola para a festa e a correr de braços abertos em direcção à multidão: marcou 499 golos de cabeça e foi acusado de não fazer golos bonitos. “Não existe esse negócio de golo feio. Feio é não fazer golo.”
A vida ensinara-lhe a ter resposta para tudo: “não venham com a problemática que eu tenho a solucionática.”
Dadá era assim: nasceu pobre, muito pobre, e até aos 18 anos viveu uma vida marginal. Fazia assaltos e confessou ser perigoso. Por isso, lá está, nunca sorriu. Depois descobriu o futebol e nunca parou de sorrir. Tornou-se ídolo do Atlético Mineiro e uma pessoa querida pelo seu jeito desajeitado, goleador e folclórico. O futebol salvou-o e ele garante que salvou o futebol muitas vezes.
“Com Dadá em campo não tem placard em branco."
No comments:
Post a Comment