Wednesday, 27 September 2017

"Estórias" à Quarta


“SE UM CLUBE GRANDE QUISER CONTRATAR-ME, ACEITO 15 EUROS POR JOGO MAIS LANCHE COM SUMO AO INTERVALO”

(Leandro Augusto Ribeiro)



A história que aqui se segue não foi escrita por mim. Pode ser encontrada, juntamente com outras tão boas, no livro do Sérgio Pereira - As Melhores Histórias do Futebol Mundial.

Mas o Calipo Azulado soube, por intermédio do nosso super-Amável-Pinto, que o Calipolense pensa em contratar o Shôr Ribeiro.

Há quem diga que é o jeito de ser tipicamente brasileiro, mas também há quem garanta que é malandragem: Leandro Augusto Ribeiro não precisa de usar chapéu-palheta para caber inteiramente no conceito. Não é carioca, não é (que se saiba) sedutor e não aprecia os cabarets dos bairros típicos, mas tem a escola toda. Sobretudo naquela parte de utilizar o engenho e a subtileza para tirar vantagem de uma situação. Leandro era apanha-bolas e a situação de que se fala foi um conjunto de notícias que a imprensa fez. O rapaz que, aos 28 anos corria atrás das bolas que saíam do relvado do Rio Preto, no interior de São Paulo, para as devolver aos jogadores, encontrou uma forma curiosa de dar nas vistas. Utilizava luvas de guarda-redes, corria como um louco, era capaz até de se lançar ao chão para devolver as bolas aos jogadores mais rapidamente. Por isso caiu nas boas graças da imprensa, que encontrou uma história.

Leandro é tipicamente brasileiro e é um bom malandro, pelo que o resto foi com ele. Recordou que a intervenção de um apanha-bolas pode ser fundamental numa equipa, que já muitas vitórias partiram de devoluções rápidas de bola e que não se encontraria no mundo outro como ele. Não há dúvidas: em  2008 ele era o melhor. “Se uma equipa grande quiser contratar-me, podemos negociar. Seria a primeira transferência de um apanha-bolas na história do futebol. Estou a aceitar 15 euros por jogo, mais um lanche com sumo ao intervalo. Se for longe, tem de pagar a viagem. De avião, claro.”

Leandro vivia de biscates, como estafeta, conselheiro sentimental num jornal local, o que é esclarecedor, portanto, mas já se via mais alto: apanha-bolas de um Corinthians, de um São Paulo ou de um Palmeiras. Garantia de resto que era um negócio com evidente retorno financeiro.


“Se eu brilhar num clube grande, posso transferir-me para o Real Madrid.” E se fosses trabalhar, malandro?

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