Saturday, 11 November 2017

A 5.ª do INATEL


RESULTADOS FINAIS

GRUPO A

São Manços   - 1    (Mauro Costa)
Brotense        - 0

Afeiteira         - 3   (Nuno Mateus, André Repolho, Tony Cabrita)
Vale Figueira  - 0

Bardeiras e Vimeiro - 0
Torre de Coelheiros - 2 (Daniel Coelho, Ruben Falé)

S. Pedrense       -  0
Graça do Divor -  3    (Pedro Silva 2, João Carmelo)

GRUPO B

São Domingos -  1
São Romão      -  3

Pardais  -  2    (Mário Cardoso, Miguel Andrade)
Orada    -  0

Foros da Fonte Seca - 1   (João Fanica)
Montoito                   - 1

Barbus      -   1
Alandroal  -  4

Friday, 10 November 2017

O Totobola do Inatel Alentejano

Caríssimos Leitores,

Proponho-vos hoje um jogo de apostas.
É muito simples.
Joga-se com ambos os grupos do campeonato (A e B) e começa-se na 5.ª Jornada.
O objectivo é adivinhar o maior número possível de resultados dos jogos do Inatel do nosso Alentejo.
Para tal há que descarregar o ficheiro abaixo, preencher o quadro de resultados e enviar para o email o.calipo.azulado@gmail.com . O nome do jogador deve constar do texto do email. 

Clique Aqui para Descarregar o Ficheiro Campeonato do INATEL

Se tiver dificuldades a descarregar o ficheiro acima, envie um email para Calipo Azulado solicitando-o.
Pode preencher o quadro todo de uma só vez e enviar, ou fazê-lo jornada a jornada.
Se o fizer jornada a jornada, os resultados devem chegar ao email do Calipo Azulado até 2 horas antes do início do primeiro jogo da jornada. 
Ganha, no final, quem fizer mais pontos. 
Pontua-se da seguinte forma: 3 pontos para quem acertar no vencedor ou no empate. Mais 2 pontos (5 pontos no total) para quem acertar exactamente no resultado.
Todas as semanas, no final de cada jornada, o Calipo Azulado colocará a tabela classificativa no blogue.
Exige-se um mínimo de 10 jogadores para que o campeonato se inicie.

Um exemplo prático:
Jogo S. Manços VS Brotense.
Imaginemos que o resultado será 2-2.
Suponhamos que o jogador A aposta no 2-1; o jogador B no 0-0; e o jogador C no 2-2.
Isto quer dizer que: A faz 0 pontos; B faz 3 pontos (acerta no empate); C faz 5 pontos (acerta no empate e no resultado exacto).







Thursday, 9 November 2017

Uma Tarde nas Brotas (BROTENSE - 2 1 - SÃO PEDRENSE)

O Calipo Azulado foi às Brotas no passado sábado, dia 4 de Novembro, a convite do São Pedrense da Gafanhoeira, que nesse dia defrontava o Brotense, fora de casa. 
O fervoroso apoio das gentes das Brotas à equipa da casa é lendário. Homens e mulheres, desde há bem mais de 50 anos, deslocam-se ao campo nos dias do desafio para animar os seus e pressionar os forasteiros.
Infelizmente, a despovoação do interior de Portugal e algum alheamento da juventude em relação ao desporto não permitiram ao Calipo Azulado ver tantas caras novas na claque como talvez outrora. Mas o ambiente, fervoroso e dramático, era o de antanho! Parabéns às Brotas!
O jogo foi muito disputado a meio-campo, sem pronunciado domínio de uma ou outra equipa. Muita luta ao centro, inúmeras bolas divididas, cortes, alívios e esboços de ataque gorados. Poucas oportunidades de golo. Sobretudo na primeira parte.
O Brotense foi, contudo, mais feliz. Num rápido lance de envolvimento que quebrou a solidez defensiva do São Pedrense, André Pinto acabou por receber, isolado no coração da área, um cruzamento rasteiro provindo da meia-direita. Fácil. 
Encostou, lesto e eficaz, e bateu um desamparado guarda-redes.
O placar ao intervalo assinalava 1 para o Brotense - 0 para o São Pedrense. 
Tempo para um refresco no simpático bar local, de paredes decoradas com fotografias da equipa do Brotense de outros tempos. Muita conversa, animação e petiscos a condizer. Não faltavam as "minis", o tintol e os cafés a preços razoáveis. 

A segunda parte foi ainda mais intensa. O São Pedrense regressou ao campo com ganas e conseguiu empatar o jogo de grande penalidade, que pareceu justa aos olhos do Calipo Azulado. Semedo converteu o castigo máximo, para gáudio dos da Gafanhoeira, que nas Brotas compareceram para animar a equipa visitante. 
Mas o Brotense poria fim às veleidades do adversário pouco minutos volvidos. Um canto da direita faz a bola sobrevoar a área do São Pedrense e, por fim, encontrar a cabeça de Rui Domingos, que não se faz rogado e mata o jogo. 
Uma palavra para o excessivo rigor da equipa de arbitragem que, apesar de não ter influenciado o resultado, expulsou 3 jogadores desnecessariamente a pretexto de pequenas picardias que mais não mereciam que uma firme repreensão. 
Três pontos para o Brotense, que, num jogo muito disputado, acabou por beneficiar da eficácia dos seus atacantes. 
O Calipo Azulado trouxe uma camisola do São Pedrense, alguns cachecóis e a certeza de que no Inatel se vive o desporto com outra verdade.


As Brotas é uma bonita e simpática aldeia alentejana, situada no concelho de Mora, distrito de Évora. Umas poucas de casas, caiadas de branco a preceito, que descem a colina e envolvem o largo da Igreja. Tudo muito simples e muito belo, como tudo no Alentejo.

Fotografia retirada de http://olhares.sapo.pt/vila-de-brotas-foto190622.html#
O templo foi erigido em homenagem a Nossa Senhora das Brotas, padroeira dos animais doentes. Um pobre pastor que há 5 séculos por ali cirandava com a sua manada viu cair uma das suas rezes por um barranco. Quando acudiu já foi tarde. O bicho morrera da queda ou do choque. Preparando-se para o esfolar, apareceu-lhe Nossa Senhora, que lhe ordenou construísse morada para uma imagem santa, que Ela própria esculpiu do osso da vaca. A fé do pastor e a intercessão da Santa reanimaram o animal, que lépido e sadio se recompôs. 
Fotografia retirada de http://poresteraiacima.blogspot.co.uk/2011/03/brotas-no-mapa-turistico-do-alentejo.html
























A promessa do pastor cumpriu-se e a Igreja foi edificada. Nos anos e décadas seguintes a devoção dos peregrinos que afluíam em romaria era tal que o culto far-se-ia no adro da Igreja, com uma varanda para o exterior em jeito de altar.
Por obra divina e resolução dos descobridores portugueses que zarparam para além mar, outras Brotas se formaram, na Índia e no Brasil, em homenagem à Santa protectora dos animais. 




Wednesday, 8 November 2017

Uma "Estória" à Quinta - O Sportinguista Carlos Gomes

Carlos António Costa Gomes começa assim a história da sua vida: "nasci no Barreiro num dia de Janeiro de 1932."
Foi um dos maiores guarda-redes do Sporting, juntamente com Azevedo e Vítor Damas. Para muitos inigualável, mesmo por qualquer uma destas reverendas figuras leoninas. Tinha um carácter anguloso e um temperamento irascível, que lhe conduziram a vida por caminhos ínvios, entre aventuras rocambolescas.
Começou no Barreirense, aos 16 anos, depois de abandonar o liceu Passos Manuel. Acabou, nas suas doridas palavras, como "um fugitivo da - tantas vezes injusta e desumana - Justiça". Como ele mesmo escreveu: "Cometi muitos erros. Sou apenas um ser humano. Fui aventureiro, mulherengo. Nunca roubei nem matei, mas a sinceridade com que sempre falei e actuei - fosse onde fosse e diante de quem fosse - destruíram-me completamente".
Carlos Gomes cresceu, no Barreiro, envolto num ambiente de forte contestação social, em que se aproveitavam dos desafios de futebol ao Domingo para sessões mais ou menos explícitas de contestação aos patrões, à hierarquia e, por arrasto, ao regime. De tal forma que as autoridades impuseram a proibição de gritos e vozerias durante os jogos, que ficaram assim conhecidos como "os desafios silenciosos". 
Pouco tempo depois da estreia de Carlos Gomes com a camisola do Barreirense,  ainda júnior, o Sporting interessou-se e adquiriu o seu passe por 100 contos. 50 contos para o clube e 50 para ele. Nunca ingressou, contudo, no júniores do Sporting. A sua qualidade era tal que o incluíram desde logo no plantel principal, onde sobressaía o grande Azevedo como guardião da baliza leonina. Ao que parece, nunca se deram bem. Carlos Gomes estreou-se ainda com 17 anos, frente ao Estoril Praia, e nessa época sagrou-se pela primeira vez campão nacional de leão ao peito. Era o suplente de Azevedo.
Na época seguinte, na primeira jornada do campeonato, o Sporting defrontava o Belenenses nas Salésias. Foi a 23 de Setembro de 1951, dia da estreia do grande Matateu, que, nesse jogo, meteu 4 golos a um desamparado Azevedo. O Belenenses vencia por 4-3 e as relações entre Azevedo e a direcção do clube, já de há muito deterioradas, quebraram-se definitivamente. O guarda-redes foi cedido ao Oriental e Carlos Gomes assenhorenhou-se da baliza do Sporting. 
Num determinado dia foi ao gabinete do Presidente Góis Mota pedir um aumento salarial. O Presidente não gostou da insolência e perguntou-lhe se queria o dinheiro para "putas e automóveis". Carlos Gomes ameaçou bater com a porta, mas acabou por ceder com medo de ser mobilizado para guerra em Angola caso se desvinculasse do Sporting.
Foi o início de um percurso atribulado. 
Alguns anos mais tarde, incompatibilizou-se com o treinador uruguaio Fernandez, ex-Real Madrid, que não tolerava os excessos verbais de Carlos Gomes. A tensão verbal descambou em agressão física, páginas tantas, e o Uruguaio acabou estatelado e desmaiado. 
Na tropa, a que na altura se não fugia com facilidade, os problemas disciplinares foram também uma constante. Foi preso por 3 dias às ordens do próprio Ministro da Defesa, depois de dele ser rir num jantar oferecido pelo governante à equipa de futebol do exército. Não seria a sua última detenção. Noutra ocasião, envolveu-se numa escaramuça com agentes da PIDE e acabou igualmente nos calabouços militares. 

Também na selecção nacional, onde protagonizou grandes exibições, se sucederam os processos disciplinares. 
No Sporting, a presença de Carlos Gomes tornou-se insustentável após a agressão ao técnico Fernandez. O Granada, de Espanha, orientado na altura por Scopelli, antigo treinador leonino que curiosamente com ele sempre manteve boas relações, avançou para a sua contratação. Carlos Gomes trocou o prestigiado Sporting por uma equipa obscura espanhola.
Em 8 anos com a camisola verde-e-branca, Carlos Gomes conquistou 4 Campeonatos Nacionais e uma Taça de Portugal.

Envergava agora, na época de 58/59, a camisola do Granada. A transferência rendeu aos cofres do Sporting 1 milhão de pesetas e aos bolsos de Carlos Gomes 375.000. Mais do que em toda a sua carreira de leão ao peito. O Granada era contudo uma equipa modesta, que nessa época lutava desesperadamente contra a desproporção.
Carlos Gomes ganhou dinheiro mas não perdeu o temperamento: "este maldito costume de sempre dizer o que penso, sem olhar onde nem a quem, continuou-me em Granada e pela vida fora, trazendo-me novas complicações". 
Envolveu-se em refregas com a comunicação social espanhola a ponto tal que a sua presença em Granada começou a ser incómoda. Transferiu-se para o Oviedo. Jogou 2 anos nas Astúrias e, durante esse período, começou a sentir dificuldades oftalmológicas, com o agravamento da sua miopia, que afectavam seriamente as suas exibições especialmente quando os desafios se jogavam à noite. Estas limitações e algumas dificuldades de adaptação à conservadora sociedade asturiana - que não via com bons olhos a sua união de facto com uma granadina enquanto continuava válido o seu prévio casamento com uma portuguesa - impeliram-no a regressar a Portugal. De preferência para um clube cujo estádio não dispusesse de iluminação eléctrica e que, portanto, não disputasse, pelo menos em casa, jogos nocturnos. 
Decidiu-se pelo Salgueiros, treinado pelo seu amigo e conterrâneo Artur Baeta. O Sporting, todavia, opôs-se ao trespasse, invocando direitos contratuais sobre o jogador caso ele retornasse a Portugal. Alvalade seria de novo a sua casa, mas desta vez conseguiu extrair à direcção do Sporting algumas centenas de contos. Uma boa maquia. Não obstante tal estipêndio, as duas partes não se punham de acordo quanto ao salário e outras concessões financeiras. Neste impasse, Carlos Gomes envolve-se num episódio insólito que acabaria por forçar o seu exílio. Foi acusado de violação por uma jovem que mal conhecia e com quem tinha confessadamente mantido relações sexuais. O guarda-redes sempre clamou inocência, mas - crime ou cilada - o processo seguiu trâmites e transitou para o Tribunal da Boa-Hora, onde esteve pendente 4 anos. Estava convencido de que se tratava de um embuste preparado pelo Sporting, com quem mantinha diferendo relativamente ao cumprimento das condições contratuais que haviam estado na base do seu regresso a Portugal. Decidiu então mudar de clube e propôs ao Sporting que autorizasse a sua cedência ao Atlético, do bairro de Alcântara, a título de empréstimo. Assim aconteceu. 
Os problemas, contudo, sucediam-se. Ainda na pendência do processo crime por violação, a sua mulher, espanhola, recebe ordens da PIDE para abandonar o território nacional. Tinham à época uma filha, ainda bebé, que por ser ilegítima não estava sequer  inserida nos serviços consulares espanhóis. Nesta aflição, Carlos Gomes resolve fugir. "Contactei um contrabandista para me passar, assim como ao bebé. Depois, um tipógrafo que carimbou a saída de Portugal e a entrada em Espanha no meu passaporte. Logo, se conseguisse passar através das montanhas e entrar no país vizinho, estaria em regra."
O plano de fuga foi, como tudo na sua vida, rocambolesco. Durante um desafio contra o Vitória de Guimarães, simulou uma lesão e pediu para se substituído. Meteu a mulher num comboio com destino a Espanha, pegou na filha, alugou um carro e pôs-se em fuga. Com a ajuda do contrabandista consegue passar a fronteira e reencontrar-se com a mulher já em Espanha. Finalmente, partiu para Marrocos. Deambulou, como jogador e treinador, pelo Norte de África: Marrocos, Argélia (onde pediu asilo político) e Tunísia. A partir de 1970 pendurou as chuteiras e dedicou-se em exclusivo à carreira de treinador. Sempre com inúmeras peripécias, azares, contratempos e quezílias de permeio. 
Voltaria Portugal muito mais tarde, já na década de 80, depois de resolvidos os seus litígios judiciais.
Morreu com doença de Parkinson em 2005. Tinha 73 anos.